Em alusão ao Dia Mundial da Voz, o coral “Vida que Segue”, composto por pessoas que passaram pela retirada total da laringe (laringectomia total), se apresentou na manhã desta segunda-feira, 15, no Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse). A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Grupo de Acolhimento (GAL/SE) da Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG Brasil) e o Departamento de Música da Universidade Federal de Sergipe (DMU/UFS).

O reitor da UFS, Valter Santana, esteve presente e deu início ao evento. “O processo de formação envolve muito mais do que somente a sala de aula. Quando a universidade se preocupa em transformar a vida de seus alunos, ela precisa sair de seus muros e voltar-se para a sociedade. Por isso, eu só tenho a agradecer ao HUSE e a ACBG Brasil, por proporcionar isso em conjunto conosco”, enfatizou.

A chefe do DMU, Aline Araújo, compartilhou o desafio ao participar da parceria, uma vez que toda sua experiência estava concentrada na voz produzida pela laringe e cordas vocais. “Nos casos das pessoas que foram laringectomizadas, elas tiveram a laringe e as cordas vocais retiradas e eu não tinha nenhuma experiência com esse tipo de voz, além da bibliografia mundial sobre isso ser muito escassa”, explicou a professora.

“Nós começamos esse trabalho e estamos aprendendo muito sobre os tipos de voz sem laringe, como a voz esofágica, traqueoesofágica e eletrônica. Nosso objetivo principal é trazer maior qualidade de vida e também propor uma melhoria no equipamento da laringe eletrônica para que essa voz se aproxime um pouco mais do timbre da voz humana, trazendo um conforto e uma identificação maior para esses pacientes”, afirma Aline.

Margareth Andrade, fonoaudióloga do setor de Oncologia do Huse e responsável pelo GAL Sergipe desde 2020, explicou as etapas pelas quais as pessoas laringectomizadas passam. “Esses pacientes, que tiveram a laringe totalmente retirada após um câncer e perderam a capacidade de produção de voz natural, passam pela reabilitação individual no ambulatório e, posteriormente, integram o grupo terapêutico e o coral, para aprimorar ainda mais suas vozes”.

José Elias Dias, de 57 anos, é um dos 11 participantes do coral “Vida que Segue” e revela como o Grupo de Acolhimento tem melhorado sua vida. “Já faz mais de 4 anos que eu participo do GAL Sergipe e isso tem trazido muita autoestima para mim. Tem gente que só fica em casa, triste. Chega aqui, fica feliz. Eu mesmo não tenho motivo nenhum para estar triste. E quando estou aqui, fico mais feliz ainda. A dor vai embora. É muito bom”, contou.

Brunna Martins - Ascom UFS